Choo-Choo Bulli: VW Transporter 1955 Volta aos Trilhos na Alemanha

Uma pequena estação de trem no estado alemão da Turíngia. A barreira do cruzamento abaixa… e ao longo dos trilhos da ferrovia, surge uma velha Volkswagen Transporter, com o motor ronronando, ostentando um proeminente emblema DB (Deutsche Bahn – Ferrovias Alemãs) na frente! O motivo? A divisão de veículos comerciais históricos da Volkswagen adquiriu recentemente um vagão ferroviário único baseado na primeira geração da Transporter, carinhosamente apelidada de “Bulli”.

Veículos capazes de viajar sobre trilhos existiam muito antes da Revolução Russa, e durante a Primeira Guerra Mundial, caminhões adaptados para trilhos chegaram a rebocar trens inteiros. As tropas ferroviárias da URSS usavam muitos veículos rodo-ferroviários, alguns dos quais também serviam para fins civis. Hoje, Unimogs de modo duplo servem no metrô de Moscou, e em 2014, eu pessoalmente participei do teste de um caminhão MAZ similar em Belarus.

Veículos compatíveis com trilhos geralmente se dividem em duas categorias. Veículos de modo duplo podem viajar no asfalto usando rodas regulares e mudar para trilhos abaixando rodas-guia. Veículos puramente ferroviários, por outro lado, substituem completamente os pneus padrão por rodas de aço equipadas com flanges.

O fornecimento de energia é providenciado por um motor boxer 1.2 com refrigeração.

A Transporter retratada nestas fotos pertence à última categoria. Em 1955, duas empresas alemãs, Martin Beilhack e Waggon-und Maschinenbau Donauwörth, produziram cada uma 15 desses vagões ferroviários. Eles foram designados como Klv-20 (Kleinwagen mit Verbrennungsmotor, traduzindo como “veículo pequeno com motor de combustão interna”). Seu papel principal era transportar equipes encarregadas de inspecionar e reparar trilhos e sinais ferroviários. O Klv-20 consiste em uma carroceria de VW T1 Kombi, um trem de força padrão—um motor a gasolina refrigerado a ar de 1.2 litros com 28 hp, acoplado a uma caixa de câmbio de quatro marchas—e um chassi especializado com molas de feixe e rodas de aço medindo 55 cm de diâmetro. Inserções de borracha sob os aros das rodas absorvem choques das juntas dos trilhos, enquanto a carroceria do veículo repousa sobre suportes de borracha para maior conforto.

Sob os aros das rodas de aço – blocos de borracha absorvedores de choque

Na suspensão por molas – quase um par de rodas ferroviárias

Sob o chassi há um mecanismo de pivô operado hidraulicamente, permitindo que uma única pessoa levante e gire o veículo no local para reverter a direção—um dispositivo similar foi apresentado no filme “A Vida é um Milagre” de Emir Kusturica.

É assim que o carro é virado nos trilhos

O sistema de frenagem permanece hidráulico com freios a tambor, enquanto o mecanismo de direção foi completamente removido. Consequentemente, não há volante dentro da cabine, apenas pedais, alavancas do câmbio e freio de mão, alguns mostradores e interruptores para luzes e limpadores de para-brisa.

A cabine ascética não tem volante nem retrovisores. Mas você pode ver um par de buzinas manuais para dar sinais: tu-tu-u, o bondinho está partindo!

A iluminação automotiva padrão foi substituída por dois holofotes brancos montados nos cantos frontais da carroceria e uma única lâmpada vermelha no canto traseiro direito. Vale notar que a Transporter é 400 kg mais pesada que um modelo padrão, pesando 1550 kg.

No lugar dos faróis regulares – dois holofotes

Na traseira – uma luz vermelha

O veículo específico retratado aqui, construído pela Beilhack, operou no depósito bávaro em Plattling, inicialmente servindo para manutenção de trilhos antes de fazer a transição para manutenção de sinais. Embora aposentado na década de 1970, o veículo felizmente escapou de ser sucateado. Em 1988, foi adquirido por um colecionador e, recentemente, a própria Volkswagen o recomprou. Imagine as emoções vivenciadas pela equipe da Volkswagen durante sua corrida de teste inaugural—32 km ao longo dos trilhos, incluindo passagem por um túnel de cinco quilômetros e sobre um viaduto! Trens regulares não circulam mais aqui, substituídos por vagões ferroviários transportando turistas. A Transporter sobre trilhos impressiona ao atingir uma velocidade máxima de 70 km/h.

No início de junho, a joia restaurada foi exibida em um festival em Hanover frequentado por entusiastas da microvan VW. Uma pergunta lógica surge: veículos similares sobrevivem na Rússia? Surpreendentemente, sim. Museus ferroviários de bitola estreita ainda exibem vagões ferroviários com cabines baseadas no caminhão GAZ-51, e o Museu Ferroviário Pereslavl até preserva um carro de passageiros ZIM de bitola estreita. Além disso, o depósito do metrô Sviblovo de Moscou abriga um limpa-neve sobre trilhos convertido de um caminhão GAZ-63…